Blog: Entenda por que a economia brasileira vem crescendo mais

22 de setembro de 2023
De menos de 1% de crescimento esperado do PIB para 2023 no início do ano, agora o relatório FOCUS projeta 2,89% de alta. O que mudou?

Em 2022 o PIB brasileiro cresceu 2,9%, um excelente número. Falando de Brasil — e de todas as nossas dificuldades com sistema tributário, burocracia, baixa qualidade de infraestrutura e alta dívida pública —, é um excelente número. O que é difícil é manter esse desempenho. Nosso crescimento médio está bem abaixo desse patamar nos últimos anos. Sendo assim, considerando ainda as dificuldades de transição de governo e todo o cenário de inflação, juros e economia mundial, no início de 2023 o mercado estava bastante pessimista em relação ao crescimento da economia doméstica.

No entanto, no último Relatório Focus, divulgado na segunda-feira passada (18), a projeção de crescimento do PIB para 2023 está em 2,89%. E deverá fechar perto deste patamar. Será novamente um excelente número, que contradiz os mais pessimistas que achavam que a nossa economia passaria por dificuldades maiores. Vamos entender os motivos dessa virada.

Inflação controlada

Desde 2020, o fenômeno inflacionário se instalou em todo o mundo, e o Banco Central do Brasil foi um dos mais agressivos. Trouxe a Selic para 2%, em um recorde histórico de baixa, para subir os juros mais rápido quando a inflação se tornou mais inercial e disseminada pela economia.
Agora, no momento em que outros países importantes ainda estão subindo juros, nós estamos começando a baixar. E a inflação vem caindo lentamente, agora com IPCA projetado em 4,86% para 2023, 3,86% para 2024 e 3,50% para 2025 e 2026.

Cabe lembrar que o Banco Central foi muito criticado pelos juros altos. Agora, o resultado da austeridade está chegando, com projeções de inflação bem mais modestas. Não podemos controlar a inflação que importamos do resto do mundo, mas precisamos fazer o dever de casa para que a alta dos preços pós-pandemia não se torne permanente.

É muito importante que a inflação esteja controlada, porque traz confiança, previsibilidade e equilíbrio para a economia, impactando positivamente o crescimento.
Situação fiscal

O governo brasileiro possui uma dívida alta, que precisa ser administrada. Qualquer país que tenha descontrole fiscal se torna indesejado para investimentos diretos, aqueles que geram crescimento econômico sustentável, porque esse investidor olha sempre para o longo prazo.

A aprovação do novo arcabouço fiscal não foi a regra dos sonhos do mercado, que queria a manutenção de uma política fiscal ainda mais rígida. Mas é melhor ter algum limite do que não ter nenhum. Sendo assim, o impacto da votação de uma regra fiscal razoável é rápido, porque destrava projetos que precisavam desse grau de previsibilidade.

Reforma tributária

O peso dos impostos no Brasil não se dá apenas pelo tamanho da carga tributária, mas também pela extrema dificuldade de entender, processar e pagar tributos neste país. Além disso, o sistema atual propaga as desigualdades, porque cobra muitos impostos do consumo, o que atinge todas as classes sociais.

A reforma que está tramitando agora tem origem no próprio Congresso, é uma derivação de propostas formuladas pelo próprio poder Legislativo. Ou seja, não são do Governo atual ou do anterior. E mesmo que não seja a reforma ideal e que tenha falhas, a simplificação de impostos é bem recebida e, por si só, pode fazer a diferença aumentando a nossa capacidade de crescimento e nosso PIB potencial.

Preços de commodities

Nosso país tem grande parte da sua economia baseada na produção de commodities, portanto, nos beneficiamos principalmente da alta de produtos agropecuários e de minério de ferro. A nossa Bolsa de Valores é uma bolsa de empresas de commodities, majoritariamente, lideradas pela Vale e pela Petrobras, por isso há essa relação tão aguda com os preços destes insumos.

Os preços das commodities já caíram em relação ao patamar que alcançaram logo após a pandemia, mas ainda favorecem as nossas exportações. Ao mesmo
tempo, o petróleo está razoavelmente comportado, o que é bom para nós, porque somos importadores, e ajuda também a inflação.

Como se pode ver, o crescimento deste ano não é resultado de políticas de curto prazo ou de ações implementadas apenas nos últimos meses, mas deriva de espaço de tempo muito mais longo. Crescimento econômico é uma construção onde é necessário ter consistência e persistência e também é produzido através de medidas que melhorem nossa competividade e eficiência, mesmo que os resultados colhidos transponham eleições e governos.
 
Autor: Lélio Monteiro / Artigo publicado originalmente em A Gazeta (agazeta.com.br) em 22/09/2023
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